sexta-feira, 4 de novembro de 2016

PACIENTE QUE ESTAVA QUASE 6 ANOS EM TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE É O PRIMEIRO A RECEBER O TRANSPLANTE DE RIM NO HRBA

Para conseguir atingir a meta de transplantes, o número de doações de órgãos vai ter que aumentar na região. Hoje, se tem aproximadamente quase 300 pacientes assistidos tanto pelo Hospital Municipal quanto pelo Hospital Regional, que são potenciais receptores de um rim.

Raimundo Soares (à direita) recebeu o rim do irmão Leandro Soares (à esquerda). (Imagem: Joab Ferreira/Ascom HRBA/Divulgação)


Raimundo Soares, 50 anos, foi o primeiro paciente a realizar o transplante rim no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém. O doador do órgão foi o irmão, Leandro Soares, de 34 anos. O procedimento realizado na última quinta-feira (3) e que durou aproximadamente seis horas, marcou o início dos transplantes do HRBA, que se preparava desde 2014. 


O transplante foi realizado na quinta-feira (3).
(Foto: Joab Ferreira/Ascom HRBA/Divulgação)

Depois de aproximadamente seis anos em tratamento de hemodiálise, o transplantado de rim, Raimundo não conseguia esconder sua felicidade, já que a partir de agora vai ficar longe das máquinas. “O sentimento é de alegria. Agradeço primeiro a Deus e, depois, ao meu irmão, que disse que ia doar e doou o rim para mim. Estou muito feliz com ele. Agora eu pretendo ir para minha terra”, revela. Tanto o paciente quanto o doador são de Terra Santa, também no Oeste do Pará, mas devido o tratamento tiveram que se mudar para Santarém.

Leandro Soares que acompanhou de perto o sofrimento do irmão durante esse período de tratamento, também se mostra realizado pela conquista de Raimundo. “Foi um sonho que se tornou realidade. Tenho essa vontade desde a primeira vez que vim visitá-lo. Eu conversei com o médico para ver qual era a possibilidade para ajudar meu irmão. Ele falou que tinha essa possibilidade e eu disse que aceitaria. Ele fez os exames para ver se era compatível e iniciou a caminhada. Hoje eu me sinto muito feliz em poder ter ajudado meu irmão a sair da máquina, assim como toda a minha família está feliz. Para mim isso é muito gratificante”, relata.
Previsão é de que a unidade realize 24 procedimentos em 2017, com uma média de dois por mês (Foto: Joab Ferreira/Ascom HRBA/Divulgação)



Até o final do ano mais dois transplantes estão previstos. A previsão é que a unidade realize 24 procedimentos em 2017, com uma média de dois por mês.  Para a realização do primeiro transplante que foi um sucesso, o HRBA contou com uma esquipe de tutores que é referência no país. “O hospital tem plenas condições, com bloco cirúrgico bem estruturado e equipe cirúrgica capacitada, que apenas requer uma adequação a esse novo procedimento. O hospital e a região vão se beneficiar muito com essa cirurgia, que vai dar nova esperança para esses pacientes terem uma vida mais livre, com qualidade”, diz cirurgião Fabian Pires, médico da Santa Casa de Porto Alegre (RS), e que comandou o primeiro transplante da unidade.

O responsável técnico de transplantes do HRBA, nefrologista Emanuel Espósito, garante que com o novo procedimento realizado, os pacientes estão mais confiantes.  “O transplante significa esperança e reascendeu uma luzinha que estava meio apagada nos pacientes. Só pelo fato de termos marcado os transplantes, já percebemos o clima completamente diferente dentro da hemodiálise. Isso deu esperança para os pacientes que estavam fadados a ficarem o resto da vida naquelas máquinas”, conta.

Existem dois tipos de doadores: os doadores vivos e os doadores falecidos. Entre vivos, são feitos diversos exames para se certificar de que o doador esteja saudável e possui rins com bom funcionamento. Também é avaliado o risco da realização da cirurgia. É preciso que o doador vivo manifeste o desejo espontâneo e voluntário de ser doador. A comercialização de órgão é proibida. “O transplante eu posso fazer com o doador vivo da família, que se tiver um irmão, um pai saudável eu posso receber dele. E essa pessoa que doa é uma pessoa extremamente valorizada na família porque ela vai sofrer uma cirurgia, um certo risco sem benefício próprio. O único benefício que ela vai ter é de ver o seu familiar com uma qualidade de vida muito melhor e com um prolongamento na vida”, explica o tutor da equipe de transplante do HRBA, nefrologista Valter Garcia.

Já no caso de doadores falecidos, é preciso que tenha o diagnóstico de morte encefálica, com padrões definidos pelo Conselho Federal de Medicina. “Quer dizer teve um acidente de trânsito, teve um derrame cerebral, são as principais causas e a família após o diagnóstico formado dessa morte  autoriza a doação. E essas pessoas que devem ter sido boas ainda em vida, são melhores ainda após a morte porque elas vão salvar vidas de várias pessoas que morreriam ou teriam uma qualidade de vida muito ruim. Então, por isso que se valoriza muito a doação após a morte, o nosso corpo após a morte não tem validade nenhuma, mas ele continua sendo muito útil para outras pessoas.”, enfatiza Valter. Mas para que a doação seja concretizada, a família do doador deve autorizar o procedimento. Por isso é importante expressar, em vida, o desejo de doar órgãos e tecidos. A recusa familiar tem sido fator determinante para que o número de doações permaneça baixo. 

Raimundo recbebendo cuidados médicos após o procedimento. (Foto: Joab Ferreira/Ascom HRBA/Divulgação)
Para conseguir atingir a meta de transplantes, o número de doações de órgãos vai ter que aumentar na região, o que não será uma tarefa nada fácil. Serão necessárias, pelo menos, seis doações (doadores falecidos) no ano que vem. O HRBA está habilitado para realizar captações desde 2012. No entanto, é baixo o número de doadores. Entre janeiro de 2012 e março de 2016, ocorreram 85 notificações de possíveis doadores, mas apenas nove se concretizaram. O principal motivo ainda é a recusa familiar. Em 29 casos, a família não autorizou a doação.

Em 2015, houve 25 notificações, mas nenhuma doação foi realizada. Em 2016, apenas uma captação foi realizada. Desde 2012, o hospital captou apenas 49 órgãos, sendo que foram 16 rins. “Só tem transplante se houver doação. É a única forma de tratamento que depende da sociedade. Se eu precisar de uma cirurgia, por exemplo, eu espero e faço. Mas se eu precisar de um transplante, se não houver doação, eu não vou fazer. Temos sempre que lembrar que é uma via de duas mãos. Eu posso estar na mão de ter um familiar que faleceu e doar o órgão ou eu posso estar na mão de ter um filho que precisa do transplante”, alerta ainda o nefrologista Valter Garcia.

Para o diretor Geral do HRBA, Hebert Moreschi, esse dia vai ficar marcado na história da saúde do Pará e da Região Norte do país. “Realizamos o primeiro transplante renal que fecha um ciclo de assistência ao paciente renal crônico. Sabemos que há uma grande demanda existente para essas patologias, nós temos quase 300 pacientes que são assistidos pelo Hospital Municipal e o Hospital Regional, que são potenciais receptores de um rim. O HRBA se transformará, em breve, em um polo de transplantes. Tenho certeza que muitas pessoas terão uma mudança completa de vida, com a independência da máquina de hemodiálise para ter uma vida com qualidade”, destaca Moreschi.

Hospital
O Hospital Regional de Santarém é uma unidade de saúde pública e gratuita pertencente ao Governo do Pará, administrado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A unidade atende casos de média e alta complexidades e presta serviço 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo referência no Norte do Brasil quando o assunto é tratamento de câncer. A instituição atende a uma população estimada em mais de 1,1 milhão de pessoas residentes em 20 municípios do oeste do Pará. Foi o primeiro hospital público do Norte a conquistar o certificado ONA 3 - Acreditado com Excelência.

Com informações da Ascom do HRBA/ Joab Ferreira.

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