sábado, 31 de agosto de 2013

NO PARAZINHO A VIÚVA DE SARAMAGO LANÇA OBRAS INÉDITAS PARA A ELITE CULTURAL DE BELÉM

PILAR DEL RÍO PARTICIPA DO LANÇAMENTO DE OBRAS INÉDITAS DO ESCRITOR
A viúva do escritor José Saramago, Pilar Del Río, presidenta da Fundação José Saramago, acompanhou ontem o lançamento de duas obras inéditas do autor, que recebeu o Nobel de Literatura em 1998 e morreu em 2010. Os títulos "Da Estátua à Pedra e Discursos de Estocolmo" e "Democracia e Universidade" são os primeiros livros de Saramago publicados no Brasil desde "Caim", última obra lançada pelo escritor antes de morrer, em 2009. As duas novas obras foram lançadas pela Editora da Universidade Federal do Pará (Edufpa) e pela própria Fundação.
O escritor português morreu em 11 de junho de 2010, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, e teve sua memória reverenciada no velório e no sepultamento em Portugal por leitores que levantaram livros em homenagem ao autor, revelou Pilar ontem à noite. Os livros erguidos para o alto formaram a imagem síntese da palestra "Saramago por Saramago", de Pilar, e dos pronunciamentos do reitor em exercício da UFPA, Horácio Schneider, e da diretora da Edufpa, Simone Neno, de que Saramago vive nos livros escritos por ele em defesa da liberdade de pensamento e mudanças sociais. Na palestra a cerca de mil pessoas no Centro de Eventos Benedito Nunes, Pilar fez uma ponte entre Portugal e a Região Amazõnica: "O Além Tejo é a Amazônia e a Amazônia é o Além Tejo’", referindo-se à pobreza da região lusa, revelada por Saramago, e os desafios das comunidades amazônicas.
Performance - Logo após a palestra, assistida por escritores, pesquisadores, professores, estudantes e gestores públicos, como dirigentes da UFPA, o secretário de Estado de Cultura Paulo Chaves Fernandes, a atriz Vera Barbosa apresentou performance sobre trechos de obras de Saramago, e Pilar del Río autografou os livros do autor português para inúmeros leitores.
Um escritor que se indignava com injustiças
José Saramago não nasceu para ser escritor, disse Pilar, porque ele foi filho de pais agricultores pobres e analfabetos e não chegou a cursar a universidade. Foi matriculado em escola industrial e trabalhou como mecânico de carros, sem convencer, e acabou sendo aproveitado no setor administrativo. "Saramago virou escritor porque tinha força de vontade, curiosidade, amor ao conhecimento e teve acesso a livros nas bibliotecas públicas de Portugal", afirmou Pilar.
Aos 20 anos, Saramago olhou o mundo na perspectiva de um Deus literário observando os conflitos e contradições nos relaciomentos humanos. O primeiro livro que escreveu, "Claraboia", falava de assuntos considerados tabus e histórias ocultadas por famílias, mas essa obra acabou sendo publicada somente muito tempo depois, por conta da censura. O primeiro romance lançado por ele foi "Terra do Pecado", em 1947.
"Ele fez da dignidade literatura", afirmou Pilar. (Amazônia – ORM)

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